terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Encontros XV


"

podias ser o cigarro ultra-longo
que arde até queimar os dedos
podias ser o ar do ditongo
que aquece por dentro os segredos

podias ser o baque que esmaga
o olhar obsceno que assanha
o toque de anca que alaga
a unha diamante que arranha

serias o meu livro de areia
que traz a Maomé a montanha
a linha de vida que enleia
como na estratégia da aranha

serias o objecto perdido
que me faz sentir sempre pobre
o fio de Ariane escondido
cuja ponta o amor descobre

podias ser a vela cansada
o dia que eu apenas pressinto
podias ser a cera dourada
à espera no fim do labirinto"


Fio de Ariane, Clã (Composição de Carlos Tê)

1 comentário:

Anónimo disse...

Podia... podia... podia... e depois?
Já não posso?


Jace