segunda-feira, 12 de maio de 2008

Encontros


"22.

A minha imagem, tal qual eu a via nos espelhos, anda sempre ao colo da minha alma. Eu não podia ser senão curvo e débil como sou, mesmo nos meus pensamentos.
Tudo em mim é de um príncipe de cromo colado no álbum velho de uma criancinha que morreu sempre há muito tempo.
Amar-me é ter pena de mim. Um dia, lá para o fim do futuro, alguém escreverá sobre mim um poema, e talvez então eu comece a reinar no meu Reino.

Deus é o existirmos e isto não ser tudo."

Bernardo Soares, Livro do Desassossego